Os meus anos 70 - Música
Resolvi, porque essa é a minha natureza, manter o sol dos anos 70 na minha vida. Ir buscar sempre à fonte, a essa água transparente que ainda corre nalguma encosta esquecida. Como solta e alegre eu corria nesse tempo dos verões intermináveis.
Esses foram os meus anos felizes, porque ainda não tinha visto o lado B que habitava fora desse lugar e dos meus sonhos secretos. Todas as manhãs e tardes que passei a ler, essa música ensolarada acompanhou-me, a marcar os dias.
Aqui irei colocar, uma a uma, as músicas dos meus anos 70, desses verões intermináveis, desses sonhos secretos.
Começo pelos America - A Horse With No Name.
Ainda é a mesma sensação de total liberdade, sol e nada mais, o eterno verão. Dá para ouvir a mordiscar maçãs, esqueci-me desse pormenor.
Um mês e meio depois: E não é que entretanto descobri outras duas composições dos America que me acompanharam muitos dias de verão? É o que faz espreitar o Youtube, reencontramo-nos com essa vitalidade juvenil. Aqui vão, caros Viajantes: Lonely People e Tin Man.
Não resisto a colocar aqui também este Sister Golden Hair. E já agora este You Can Do Magic.
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...
Dizem-nos que não podemos captar o tempo
que o que passou passou por nós
e eu sorrio só para mim
Podemos eternizar esse tempo
essa é a nossa condição
é assim que nos mantemos no mundo
de outro modo tudo nos seria
insuportável
Volto por isso a esse tempo
que eternizo dentro de mim
como um filme sem princípio nem fim
mas com uma atmosfera, sempre amorosa
e uma claridade, de eterno verão
Nesse filme estão todas as pessoas que amei
e não me esqueço de nenhuma
e estamos num piquenique
e há risos e lembro-me de todas as vozes
todas
as suas entoações únicas e trejeitos muito próprios
e expressões e significados
cumplicidades que animam a alma
Não digo adeus
sou como os sioux
e as almas não dizem adeus
estão sempre unidas
no meu caso, é nesse filme e nesse piquenique
mas podia ser outro o cenário
tinha era de ser no verão
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...
As crianças invadiram o jardim
com correrias e risos
Tudo voltou ao seu equilíbrio natural
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Do Baú:
Traz contigo a alegria
dos dias brancos
brancos, brancos, brancos
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Do Baú:
Digo amor
digo uma paisagem
digo infinito
digo branco, azul
Amo uma paisagem
infinita, branca e azul
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Do Baú:
Deserto poeira sol
Calor a escorrer das paredes brancas
e da poeira
o sol sempre presente
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Do Baú:
A luz escorrega pela sala
lentamente
ilumina-me agora o caderno
toca-me nos dedos
amarelada e ténue
treme por trás da folhagem
Ficar assim
muito quieta
e deixar o vento passear por mim
sem nada alterar
nem esta tarde quase-noite
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Do Baú:
Gardunha verde-névoa
do sol quente da tarde
As casas empilhadas
as árvores quietas
e esta aragem morna e sonolenta
("Do tempo dos sonhos", Beira Baixa, 1985)
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Do Baú:
O vento anima as coisas vivas
não as deixa permanecer
na quietude morna do Verão
acorda-as.
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Do Baú:
Évora das casas antigas
brancas, cheias de sol,
às horas do calor,
quietas e ociosas.